A maior peste desde a Idade Média no "reino" de Cascais




Numa altura em que grassa no município de Cascais provavelmente a maior peste desde a Idade Média, constata-se um estranho alheamento dos partidos políticos, com excepção do “excluído e marginalizado” PCP, na defesa dos mais elementares direitos de cidadania num Estado democrático.

Do PCP não falemos, pois eles defendem lá essas coisas parvas e ultramontanas de Moscovo, da Coreia do Norte, dos cubanos e quejandos, como bem sabemos e nos fazem questão de alembrar a todos o momento os grandes democratas que nos entopem os ouvidos e o discernimento com as suas verdades incontestáveis.
Mas dos outros… francamente. 

À excepção do tenebroso “excluído e marginalizado” PCP quem está no terreno de modo activo na defesa dos direitos cívicos e de cidadania são os movimentos populares e de independentes também pré-candidatos à gestão da coisa pública municipal. 

Têm sido estes diabinhos, de braço dado com o “excluído e marginalizado” PCP, que estão na linha da frente na denúncia das arbitrariedades e coisas feias cometidas pela gestão em fase terminal do patriota Carreiras.

Perante a enormidade dos atropelos inaúditos em curso a todos os níveis, numa  demanda de destruição de valores, eles apelam ao Provedor de Justiça, ao Ministério Público, ao Governo e Ministérios, aos partidos e sindicatos de interesses, “et voilá” à Comissão Nacional de Eleições, que por uma vez lhes deu razão quanto à ignóbil campanha autárquica da coisa chamada Mobilidade, ordenando a retirada nas pantalhas, no espaço de 48 horas, de mais continuada demagogia pública à custa da fazenda municipal, ou seja, dos níqueis dos contribuintes. O homem a quem a ordem é dada, numa confirmação de que a lei é ele, e só ele, provavelmente, o que não seria inédito, poderá invocar um qualquer subterfúgio na lei que invoca mas não cumpre, para voltar a incumprir.

E assim vamos estando em Cascais nos tempos que correm.

Mas o mais estranho de tudo, obviamente “excluindo o marginalizado” PCP, é  o silêncio não inocente dos partidos políticos que ambicionam uma fatia do poder na autarquia de Cascais. 

É um silêncio comprometedor que caberá aos próprios e aos estudiosos da paleontologia política decifrar os porquês do que se passa nos interiores e nos arrabaldes dessas estruturas.

A minudência da coisa concreta ficará para outra calenda porquanto não quero nem devo cansar o leitor logo no início da semana dos santos populares. Da sardinha assada em que calca a broa que somos todos. E do arquinho e balão que alegremente carregamos. E já agora do chóriço, para outras encomedas das freguesas.

Com o que pretendia mesmo concluir era com a entaladela de couratos. É assim.
Nem todos os partidos, à excepção do “excluído e marginalizado” PCP foram de férias. O braço de Passos em Cascais, além das diatribes a que habituou os portugueses – que parece ainda não terem aprendido bem a lição. Ou não a entenderam na íntegra – continua muito activo na cultura da destruição dos valores, da inteligência, da política grosseira da terra queimada. E da ofensa gratuita. 

Para tanto aprisionaram a parte dos munícipes desatentos e alheados na sua estratégia de poder. O meio é a comunicação; o alvo é atingir quem ouse discordar; o reforço vem do estímulo ao medo e à vingança; o objectivo final é obter o voto. 

Em Cascais, os munícipes pagam para ser alegremente enganados.

A constatação é fácil. Embora possa dar trabalho. Muita está codificada e escondida. Comece-se por consultar a página oficial da Câmara Municipal de Cascais. Percorra-se depois as Empresas Municipais, Intermunicipais e as familiares e dos amigos que prestam serviços. As páginas das juntas de freguesia ajudam. Idem em relação a algumas das designadas “associações de moradores”. Na mesma aprenda-se como se domina uma Assembleia Municipal, só falta o chicote. 

A atribuição de subsídios é um fartote. Começa na cerveja, passa pelo tinto, termina na sardinha. 

Tudo sempre bem regado com as páginas pessoais de dois dos principais fautores, geridas por eles mas pagas pelos munícipes. Eles trocam entre si rezas de amor eterno, entrecruzam ataques desrespeitosos, repetem à exaustão que Deus mora em Cascais e Jesus nasceu na Cidadela. 

À viola tem acompanhamento do jornal municipal C, com farta tiragem em relação ao univeso de destinatários, merecendo reforço na época balnear, por acaso vésperas de eleições; na guitarra o acompanhamento é proporcionado pelos designados órgãos de comunicação social local que recebem umas tenças regularmente por se portarem bem e não morderem no dono. Os de mau porte obviamente que ficam a pão e água.

E assim vai singrando a democracia que resta no concelho de Cascais, obviamente “excluindo o marginalizado” PCP, que é composto por cidadãos de segunda categoria e não são confiáveis.

A prole que o António de Oliveira Salazar deixou por aí! Ou “Está-se bem”, como diz de modo mais prosaico um velho amigo aqui da Praia de Esmoriz.

*JOÃO CASANOVA FERREIRA é ex-jornalista em "O Século", "O Dia", "Correio da Manhã", "O Semanário", "Lusa", Agência "Noticias de Portugal", "RDP Internacional" e ex- assessor de Comunicação na Câmara Municipal de Oeiras e CP




2 comentários:

  1. Por que será que as pessoas não comentam para este espaço do Cascais24 e remetem as suas opiniões para mensagem privada ou para o messenger? Afinal 50 anos depois o 24 de Abril não desenferrujou ainda algumas cabeças? Caro Director, desculpa lá o incómodo mas este tinha que ser. Abraço.

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