Está na hora do "Supermunicípio"!



Entre Linhas por MANUEL RUA
Ora aqui está um tema sobre o qual todos devemos ponderar muito seriamente!

Com base em informação publicada pela Lusa, em 2016 08 06, trata-se do “documento orientador” da descentralização de competências para os municípios, apresentado pelo governo à Associação Nacional de Municípios Portugueses, o qual contem uma proposta que poderá alterar radicalmente a “qualidade de vida” dos munícipes de Cascais. 

Segundo o documento, esta proposta prevê que os municípios assumam a gestão e construção de equipamentos educativos e de saúde de cuidados primários, contemplando ainda a gestão de “jogos de fortuna e azar de âmbito local”.

Também a “construção, requalificação e manutenção dos edifícios dos estabelecimentos de ensino dos 2.º e 3.º ciclos e secundário” fazem parte da dita proposta.

Relevante é ainda, a gestão dos equipamentos, a contratação de serviços (água, electricidade, segurança e limpeza), o serviço de transporte escolar no ensino secundário e a “atribuição de competência ao Conselho Municipal de Educação para definição da política educativa”.

Diz ainda, que os municípios devem assumir a “construção de novas unidades locais de cuidados de saúde primários” e a “gestão dos trabalhadores da categoria “assistentes operacionais” das unidades funcionais dos ACES [Agrupamentos de Centros de Saúde] que integram o Serviço Nacional de Saúde”.

Não ficando por aqui, o documento propõe também que as câmaras passem a deter a “regulação e fiscalização do estacionamento” e que seja regulamentado o regime especial das polícias municipais de Lisboa e Porto, com transferência de recursos das divisões de trânsito da PSP para estes dois municípios, além de prever que os municípios assumam o processamento das contra-ordenações rodoviárias de estacionamento “nas cidades e vilas”.
Interessa igualmente saber que a proposta contempla a “autorização da exploração de jogos de fortuna e azar de âmbito local” bem como o licenciamento e vistorias no âmbito da segurança contra incêndios em edifícios.

As autarquias serão obrigadas a elaborar cartas sociais municipais, coordenar a execução do Programa de Contractos Locais de Desenvolvimento Social e gerir “programas nas áreas de conforto habitacional para pessoas idosas e de integração a idosos, em articulação com as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional”.

A instituição e gestão dos Gabinetes de Apoio aos Emigrantes, em articulação com a rede de Lojas do Cidadão, a criação de Centros Locais de Apoio e Integração de Migrantes, a gestão de imóveis sem uso militar e a concessão de zonas balneares em praias marítimas também devem passar para o âmbito municipal.

A proposta admite a “concessão de benefícios fiscais relativamente aos impostos e outros tributos próprios”, competências próprias na “avaliação e reavaliação de prédios” e a “gestão e manutenção de património imobiliário público não utilizado (devoluto) por qualquer entidade pública”.

As câmaras passam ainda a gerir as “estradas nacionais nos perímetros urbanos” e os “programas de apoio ao arrendamento urbano e à reabilitação urbana, em articulação com outras entidades com atribuições em matéria de Fundos Europeus”.

A gestão de áreas sob jurisdição dos portos sem utilização portuária reconhecida e “áreas urbanas de desenvolvimento turístico e económico não afectas à actividade portuária e infra-estruturas afectas às praias e ao mar”, bem como de “portos de pesca secundários” e das áreas da Docapesca também será transferida.

“A transferência de competências deve ser realizada no ano de 2018, admitindo-se soluções gradualistas ao longo do próximo mandato autárquico, a desenvolver no quadro da negociação entre os ministérios e a ANMP”, lê-se na proposta do ministro Adjunto, Eduardo Cabrita.

O novo modelo de financiamento dos municípios deverá assentar numa “subvenção geral cujo valor resulta da média aritmética simples da receita proveniente IRS, IRC e IVA” (impostos sobre o rendimento singular, o rendimento colectivo e o valor acrescentado, respectivamente) e na “participação directa” no IRS dos habitantes, no IVA gerado em cada concelho e na derrama de IRC.

O documento, que prevê a criação das autarquias metropolitanas de Lisboa e do Porto e o reforço de competências das Comunidades Intermunicipais (CIM) e das freguesias, foi enviado pela ANMP às autarquias para recolha de contributos.

É, portanto, um documento denso que logo que venha a ser aprovado reserva para as autarquias enormes responsabilidades sociais, económicas e culturais, que virão a determinar o grau da qualidade de vida e bem-estar que nos ficará reservado.

Não tenho qualquer dúvida que o algoritmo que nos vai trazer o resultado é de uma simplicidade monástica … pois depende apenas da nossa vontade e do conceito em que tivermos as PESSOAS a quem vamos confiar o nosso VOTO nas próximas eleições autárquicas.
Teremos que conhecer a sua competência, o seu bom senso, a sua isenção, a sua interpretação da Justiça e, sobretudo, o seu conceito de SOLIDARIEDADE.

Não é preciso dizer muito mais para aceitarmos que é crucial começarmos, desde já, a conhecer as questões de fundo e a avaliar as alternativas que se nos deparam. Felizmente, há por aí gente muito válida, competente e disponível para integrar um novo elenco autárquico que represente uma lufada de ar fresco no mórbido ambiente em que vivemos e nos garanta uma gestão bem mais séria e eficaz do que aquela a que temos sido sujeitos, até hoje. 

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