Entre Linhas por MANUEL RUA
O mais grave, é que a estratégia utilizada, repetida vezes sem conta, consegue vencer as inércias na inocência, aliviar-nos do esforço exigido para satisfazermos a curiosidade e adormecer a nossa capacidade de reagir até ao ponto em que acabam por controlar as nossas opiniões, os nossos gostos, os hábitos de consumo, as vertentes culturais, os motivos da nossa satisfação e, em última análise, conseguem condicionar o nosso sentido do VOTO nas próximas eleições.
Nos nossos dias, pelos mais
diversos meios e instrumentos da comunicação social, entra-nos pela casa dentro
um manancial de informação concebida com um propósito firme: “formatar” as
nossas cabeças com o objectivo de as tornar permeáveis a uma interpretação da
vida e dos acontecimentos que a condicionam, no modo e na intensidade como os
diversos poderes instituídos nos querem “impingir” as versões da sua Verdade.
O mais grave, é que a estratégia utilizada, repetida vezes sem conta, consegue vencer as inércias na inocência, aliviar-nos do esforço exigido para satisfazermos a curiosidade e adormecer a nossa capacidade de reagir até ao ponto em que acabam por controlar as nossas opiniões, os nossos gostos, os hábitos de consumo, as vertentes culturais, os motivos da nossa satisfação e, em última análise, conseguem condicionar o nosso sentido do VOTO nas próximas eleições.
Uma prática perversa, intencional,
pérfida e perigosa … a todos os títulos condenável.
Com efeito a Comunicação Social
tem conhecido uma transformação que a afasta, progressivamente, do que deveria
ser a sua missão essencial: conhecer os factos, investiga-los, sustenta-los
documental e juridicamente e, então, INFORMAR…
Ora o que em boa verdade está a
acontecer é que toda a máquina informativa bem como todos os instrumentos de
comunicação estão a ser radicalmente alterados por factores decisivos e
irreversíveis, para os quais a maioria das pessoas não estava preparada para
assimilar.
Primeiro, subjugados à evolução
tecnológica das comunicações, constatamos o afastamento progressivo dos
profissionais de um jornalismo tradicional levado à prática no exercício de uma
nobre profissão, com ordem e saberes próprios, regida pela ética e pela
deontologia.
Hoje, estes são substituídos, na
sua grande maioria, por gente menor, levada ao engodo pela necessidade de
modernizar as fontes de informação, pela metáfora dos princípios ou pela força
de uma imagem trabalhada no Photoshop. Vergados, inexoravelmente, à necessidade
de sobrevivência eles são obrigados a acompanhar a tendência da moda ou a
agradar à marca ou à força que os sustenta.
Segundo, porque o conteúdo da
informação também alterou o sentido do seu vector dominante, saltando do
político e dos salões da diplomacia circunstante para se centrar mais no económico,
no sensacional e na ficção. Se virmos bem, hoje em dia, a formação académica
dos jornalistas que outrora valia pela carga jurídica da informação, passou a
ter uma dominância prevalente do sector da economia, nos deslizes do social, do
sensacionalismo e dos comportamentos assimétricos. Uma fórmula muito fácil de
decifrar: “tudo o que for escândalo é notícia e tem audiência” !!!
Terceiro, porque a definição e o
exercício da “autoridade”, transversal a todas as actividades, à qual
associamos a noção de responsabilidade, sofreu um revés tremendo, pela
alteração na prática de relações humanas desviantes que permitiram a associação
premeditada com que certas pessoas foram mascarando os seus conceitos de
“poder”, de “legitimidade”, de “jurisdição”, de opressão de uns por outros, ou
mesmo “soberania, esquecendo que a “autoridade” é tão simplesmente um princípio
de ordem, de regra e de razão …
Há mais um aspecto que deve
merecer a nossa atenção e que foi muito bem tratado pela conceituada Prof.ª
Felisbela Lopes, no seu livro “Jornalista, profissão ameaçada”, onde se lê: “Os
jornalistas estão sob pressão, a democracia já viveu melhores dias nas
redacções e assiste-se no dia a dia ao pisar de incontáveis linhas vermelhas
por diversos actores. O resultado é um permanente pôr em causa da liberdade de
imprensa, com a profissão cada vez mais ameaçada”.
Esta ameaça, de muitas faces, de
muitos esgares e de muitas ansiedades não é mais do que a denúncia clara da
prepotência que caracteriza as orientações impostas por certas direcções
editoriais aos seus jornalistas, determinando a fragilidade de uma obediência
apenas sustentada pelo drama da sobrevivência.
A Democracia está em perigo
eminente de rotura se a Comunicação Social não retoma o sentido ético e
deontológico da sua Missão.
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ESTÁ NA HORA DO "SUPERMUNICÍPIO"!
...SÓ É TOLO QUEM QUER!
CABEÇA NO CÊPO
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Sem dúvida, a comunicação social está a transformar-se num instrumento de pressão dos grandes interesses sobre a opinião pública. Pode ser o advento da "censura" à maneira do "antigamente".
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